Cadê a maternidade que estava aqui?!

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O hospital Municipal Paulino Werneck foi inaugurado em 1935, inicialmente com o nome de Dispensário Médico.

Prestou inúmeros e bons serviços à população insulana, mesmo em períodos em que a saúde do município passava por crises.

Um bom número de insulanos nasceu justamente na maternidade do hospital Paulino Werneck – e todos se orgulham de ser “insulanos da gema”.

Entretanto, em março de 2013, quando foi inaugurado o Hospital Municipal Evandro Freire, na Portuguesa, inúmeros serviços do Paulino Werneck foram desativados, entre eles a maternidade.

De lá para cá, moradores e lideranças do bairro se movimentaram para protestar e exigir a reabertura. Durante o mandato do do Prefeito Crivella, 90% das obras necessárias para a reabertura da mesma foram concluídas, mesmo com a pandemia. Entretanto, quando Eduardo Paes assumiu seu mandato, apesar das promessas do seu governo, nada foi feito para tal.

A Presidente da associação de Mulheres da ilha do governador, Maria Rosilda Pereira, é enfática:

– A nossa luta é incansável e segue desde 2013, quando a nossa única maternidade foi desativada. Infelizmente já estamos perdendo a esperança, pois já são quase 10 anos de promessas e ao longo de todos esses anos já vimos muitas crianças nascendo nas comunidades, nas clínicas da família e até óbitos. Já é mais que notório que a ambulância do Cegonha Carioca não é suficiente para atender as mamães insulanas, pois o principal problema da Ilha é a imobilidade urbana. No horário da manhã e no final da tarde, nós temos engarrafamentos quilométricos. Se for um parto de risco, a mulher e o bebê podem falecer. O serviço é insuficiente – afirmou.

O médico Joaquim Soares, pediatra e ex-chefe de Pediatria do Paulino Werneck, disse ao Jornal GOLFINHO que “durante muito anos, pude ver de perto a desvalorização da nossa maternidade. Tudo foi sendo transferido para o hospital Souza Aguiar e terceirizado como OS. E continuou:

– Infelizmente, na penúltima gestão do Eduardo Paes, ele fechou de vez a maternidade da Ilha, alegando que não tinha demanda para manter o equipamento funcionando. Porém, eu tenho um documento que comprova que nascem, em média, seis crianças por dia, cuja mães são moradoras da Ilha. Lamento muito o descaso do atual poder público municipal, que não deu continuidade às obras de reativação da maternidade iniciadas na gestão do Marcelo Crivella.

O Doutor joaquim Soares cobrou ainda respeito pela Ilha do Governador:

– Realmente, não sei quais interesses estão por trás disso, mas só sei que a família insulana é a única prejudicada com esse absurdo. Espero que o atual prefeito possa ter mais respeito com a nossa ilha.

O presidente da Famig (Federação da Associação de Moradores da Ilha do Governador), Melquíades Martins, disse que “todos nós sabemos o quanto a Ilha do Governador precisa de uma maternidade…”. E completou:

– Mas o povo insulano também não tem culpa disso? Aumentou o número de eleitores, mas hoje nós não temos deputados e vereadores daqui, como já tivemos vários em anos anteriores. Hoje só temos a Tânia Bastos. Ela sempre lutou pela maternidade, mas infelizmente foi voto vencido…

O médico Rômulo Capello, presidente da Sociedade dos Médicos da Ilha do Governador (Somei), disse ao jornal GOLFINHO que, “como médico, prezo sempre que os nossos equipamentos públicos sejam valorizados e funcionem da forma adequada para atender a população. Acho que é de suma importância que as mulheres moradoras da Ilha possam ter todo o pré-natal realizado da forma devida e seria muito positivo se também pudessem ter seus bebês aqui, voltando a nascer os genuinamente insulanos”. E o presidente da SOMEI concluiu: Sou favorável à reativação da nossa maternidade e que também todo o acompanhamento devido no pós-parto possa acontecer com excelência no próprio local. Uma outra questão que julgo relevante salientar é que só temos uma entrada e uma saída, pela Estrada do Galeão, e, num caso de emergência, de uma gestação de risco à grávida ou ao feto, as consequências podem ser de extrema gravidade para ambos. Temos um dos maiores PIBs do Estado, uma densidade populacional elevada e tudo isso justifica claramente uma maternidade no nosso bairro – exemplificou, com bastante propriedade, o presidente da Somei.

Moradora do Cocotá, Munique valente deu a luz a uma menina há 10 meses:

– Amo a Ilha do Governador. É como uma casa… mas, como toda casa, tem os seus problemas… Me senti completamente preocupada em não ter uma maternidade pra dar a luz à Maria Alice. Hoje, ao olhar minha filha, que nasceu linda e com saúde , agradeço a Deus. Mas meu coração se encheu de preocupações durante a gestação, por ter que procurar uma maternidade fora da Ilha… O trajeto até lá, trânsito, imprevistos, as famosas contrações, tudo tendendo pra dar algo errado. Quando minhas contrações iniciaram, tive que ir três dias seguidos na maternidade Maria Amélia, no centro, e só me internaram no terceiro dia. Recebi ótimo tratamento. Porém, o deslocamento por três vezes me custou sérios desconfortos físicos, além de gastos financeiros e a ansiedade e preocupação em questões de possíveis acidentes no trânsito até lá, engarrafamentos, por exemplo. Em meu trabalho como Personal Trainer/Pilates preparo fisicamente muitas gestantes para o dia do seu parto – e sempre me deparo com as mesmas preocupações acerca da ausência de maternidade na ilha. Tenho esperança de que, o quanto antes, isto seja solucionado.

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